quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Janela Indiscreta (Maio/1991)

Olhei pela janela
E o que vi foi somente:
Carros, pessoas, o cotidiano.
Em outras vezes,
Algo mais eu via:
Solidão, inimigos, a morte.

José Rosa (ZeRo S/A)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Insatisfação (Maio/1991)

Eu já não me satisfaço.
Quando vem a treva,
Meus olhos permanecem arregalados,
E a luz já se esqueceu deles.
Estou triste e contrito.
Minha alma há muito adoeceu.
A ilusão tornou-se minha companheira,
Pois a paixão foi deveras passageira.
Desejar é meu verbo.
E a insegurança o meu eterno substantivo.
Amargurado estou,
E o meu corpo é o reflexo disto.

José Rosa (ZeRo S/A)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Chuva (Abril/1986)

Cai a chuva, chuva, chuva
Que do céu negro principia
Ao encontro dos telhados
Amedrontados pelo terror que anuncia.

Nos córregos, a água escura sobe, sobe
Invadindo, destruindo, massacrando
Acordando a quem ainda dorme
O sono do pecado de não ter sobrenome.

Mais distante não tem córregos
Ninguém tem medo da chuva,
Pois o ouro do berço nascente
Embala-os em um sono seco e quente.

José Rosa ( ZeRo S/A)