domingo, 29 de novembro de 2009

Sampa (1988)

Sampa,
dos canteiros floridos dos Jardins
e dos depósitos de lixo da periferia,
das modelos invejadas e cobiçadas
e das prostitutas largadas e marginalizadas,
das coberturas com ar condicionado
e das fogueiras embaixo dos viadutos,
dos poetas bunda-moles
e dos arrotadores de versos,
do homem
e da mulher,
dos gordos
e dos famintos,
do assim
e do assado,
do fulano
e do cicrano,
dos que vieram iludidos
e dos que nasceram na ilusão.
Sampa samba, dança.
Seu tempo já passou.
Sampa sambou, dançou.
Nunca mais me engana.
Nunca mais,
nunca.

José Rosa (ZeRo S/A)

domingo, 15 de novembro de 2009

Que Assim Seja

Você tenta me enganar
Enganando-se.
Não dizendo que me ama.
Fazendo-se de surda,
Quando te amo digo.

Você tenta me enganar
E tonto acabo me enganando,
Crendo na sua simulação de não me amar.

Mantendo-me à distância
Para que assim, com o tempo,
Meu amor por você
Uma suave e breve lembraça somente seja.

José Rosa (ZeRo S/A)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Pelada

Quando a pelota rola
Nada mais me incomoda.
Nem aquela paixão mal resolvida,
Nem minhas dívidas pendentes,
Nem minhas frustrações profissionais,
Nem as mazelas sociais.

O mundo agora é retangular.
E com certeza ele não gira, mas sim a gorducha.
De pé em pé,
De alma a alma.

Agora sou gênio, sou artista.
Recebo aplausos.
Caio, mas sempre levanto,
E a dor é combustível.
É troféu.
E há sempre um último fôlego.
E a exaustão física, dever cumprido significa.

Ah! E quando a esfera
Pelos meus méritos adentra a meta
É GOOOOOLLLLLLLL!!!!!!!
É gozo.
E como explicar esse prazer imensurável?
Impossível.
Só entende quem namora... A bola.

José Rosa (ZeRo S/A)