domingo, 21 de dezembro de 2008

Doze Luas

A Lua – cheia
Para ela – sempre
Olhávamos em ditongo.
Cúmplices lunáticos
A olhar o luar.

A Lua branca
O céu azul
Os olhos castanhos, vinho tinto.
Nuances coloridas
Tingindo o cinza cotidiano.

A Lua – onírica
Nossos olhos e o luar
Magia, arte e poesia
Lunáticos amantes
A amar ao luar

A Lua – solitária
Para ela – agora
Nossos olhos em hiato
Terráqueos a sós
A ignorar o luar.

José Rosa (ZeRo S/A)

domingo, 14 de dezembro de 2008

Olha Aí Freguesa!

Olha aí freguesa!
Tenho um produto para lhe oferecer!
É mercadoria de primeira, pode levar.
Em toda a feira
Melhor não irá encontrar.


Nem me dá atenção
E só quer saber
Dos produtos oferecidos de baciada.

Olha aí freguesa!
Faço para a senhorita uma promoção!
Boa oportunidade! É produto raro!


Passa reto por mim
E na barraca ao lado compra xepa
Mesmo pagando muito caro

Olha aí freguesa!
Tenho uma proposta para a senhorita.
Leva o produto e não paga nada.
Leva para experimentar.
A senhorita parece ser inteligente e ter bom gosto
Tenho certeza que irá apreciar

Mostra-se interessada, mas meio desconfiada.

Pode levar com confiança
E até mais minha freguesa!
A sua satisfação é também minha.
E tenho certeza de que para a minha humilde barraca
Sempre irá retornar.

Ela leva o meu produto prometendo degustar

Olá querida freguesa! Que alegria!
Não falei que a senhorita voltaria?

Me devolve a mercadoria, intacta e sem ser experimentada,
Com cara de empáfia e desprezo
E sem falar nada
Vai pela feira enchendo a sua sacola de porcariada.

Olha aí minha freguesa!
Parei de oferecer coisa boa.
Agora só ofereço produtos adulterados, falsificados e sem qualidade.
Corre freguesa, não vacila,
Pois é grande a demanda.
Corre, senão para a senhorita não sobra nada.


José Rosa (ZeRo S/A)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Errar Não É Um Erro (Junho/1987)

Não fique triste por ter errado,
Isso quase sempre acontece,
É uma questão de religião, política, idealismo de vida, sexo, poder aquisitivo.
Pode ser até um fator positivo.
Não fique triste por ter errado.
Errando que se descobrem os erros.
Quando não há erros,
Não se tem certeza de se ter acertado.
Não fique triste por ter errado.
Erro, logo existo e ninguém pode negar.
O erro é o amigo da perfeição,
E quem erra, seus erros irá espantar.
Todo mundo vive errado.
O mundo todo é um erro.
Todo mundo age errado.
Um mundo todo de erros é onde erramos.
Seres errôneos que nascem, vivem, agem e etc. e tal errado.
São erros de português, erros de cálculo,
Erros de arbitragem, erros de emissão e admissão.
São datas erradas, horas erradas,
Homens e mulheres errados, pessoas erradas.
Erra-se por pouco, por burrice, por inocência,
Por distração, por sã consciência.
Erra-se de todas as formas.
São erros de todos os tipos.
Enfim,
Não fique triste por ter errado,
Isso quase sempre acontece.

José Rosa (ZeRo S/A)

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Cenas de TV / Produtos Perecíveis (1989)

Estava branco o muro
da casa que abrigava o cadáver gelado
Estava piegas a festa
da pessoa que derramava lágrimas geladas
Estavam fortes as lembranças
do casal que trocavam carícias geladas

Estava forte o muro
da casa que derramava lágrimas geladas
Estava branca a festa
da pessoa de carícias geladas
Estavam piegas as lembranças
do casal que abrigava o cadáver gelado

Estavam brancos os muros
Estavam piegas as festas
Estavam fortes as lembranças
Estava gelado o cadáver
Como as lágrimas derramadas
Como as carícias trocadas

José Rosa (ZeRo S/A)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Oração Quase Pagã (Fevereiro/1990)

Deus me proteja
Do que é falso
Do que não corresponde à verdade
Da ilusão

Deus me proteja
Da morte em vida
Da vida sem sorte
Do amor mundano

Deus me proteja
Das pessoas incorrigivelmente tristes
Dos homens em papéis de homens
Das mulheres em papéis de mulheres

Deus me proteja
Da solidão amarga
Do sexo irracional
Do egoísmo cego

Deus me proteja
Agora que perdi a inocência
Agora que estou à mercê da tentação
Agora que levei a primeira pedrada

José Rosa (ZeRo S/A)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Devastação

Meu passeio por ti
Nunca é calmo
Nunca há calmaria
Tremores sempre há.

Tuas planícies,
Teu cerrado, montanhas e canyons
Abalam-se ao meu passar.
Cinco, seis, sete, oito, nove graus na escala Richter

Passo e devasto tua paisagem
Sou como um deus impiedoso,
Porém tu és fênix
E sempre te recompões,

E em outra noite
Me abres desejosa
Teus caminhos para que eu passe
E novamente te devaste.

José Rosa (ZeRo S/A)

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Outros Dias

Há dias que ela não é ela.
É ela, mas de uma forma diferente.
Meio down, meio sem luz,
Meio fugitiva, meio ermitã,
Menos sensual, meio sem tesão.

Há dias que eu preciso me conter.
Usar (muito) melhor as palavras,
Ser menos macho e mais homem,
Fingir de morto, ser (mais) ouvinte,
Contar até 10 vezes 1000 e
Nem pensar em deixar a toalha sobre a cama.

Há dias que ela não entende as minhas figuras de linguagem.
Não entende minhas metáforas,
Nem a minha ironia, nem meus eufemismos.
Confunde compensações com explicações,
E para cima de mim solta os seus cães.

Porém, há os outros dias
E então... é somente alegria.

José Rosa (ZeRo S/A)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Cor-de-Rosa

A musa deste poema
Tem uma linda boca.
Que pena, não é minha.
Tem uma boca
Que não é vermelha,
Que não é fogo,
Que não é louca,
E que pena, não é minha.
Essa boca é preciosa,
Porque é rosa, cor-de-rosa.
A cor e a forma dessa boca
Não é grito é sussurro ao ouvido,
Que inunda a alma de êxtase.
Que perfuma tudo,
Porque é rosa, cor-de-rosa.
E que pena, não é minha.
A musa deste poema
É menina bela, mas,
Não falarei dela
Do que quero é falar
De sua doce boca
Não grande, não pequena.
E é rosa, cor-de-rosa.
E não é minha, que pena.
Meus olhos me dizem que
Igual a essa, lembrança não temos.
Nunca mais esquecer iremos
Porque ela é rosa,
É cor-de-rosa.
É sutil sedutora
Porque engana, se faz de mansa,
Então devora.
E que pena,
Infelizmente não é minha.
Porém em sonho um dia foi.
Tão real que na minha boca acordada
Sabor diferente tinha.
Era rosa, cor-de-rosa.

José Rosa (ZeRo S/A)

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Comunhão

Tua boca não vacila e
Tuas mãos carinhosamente firmes
Me direcionam a ela.
Falo
Gula - pecado capital.
Tua boca me prende - conexão.

Em libidinosa penitência
Ajoelhada em devoção a mim,
Te ofereço minha hóstia e
Recebes agradecida.
Nossa comunhão.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Imposição

Minha Querida,
Não quero que deixe de sair com suas amigas e
Não é meu desejo que largue o seu emprego,
Abandone nenhum dos seus sonhos ou
Desista de seus planos.
Nunca pensei que tivesse o direito de lhe proibir a minissaia.
Olha, pode acreditar
Sua essência, nem por sonho quis mudar.
Não lhe peço que mude nada
Não lhe peço que largue nada
Não lhe peço que faça nada
Que não seja realmente importante.
Só uma coisa faço questão de lhe impor
Por nenhuma bobagem, nenhuma frescura ou vaidade
Desista de nós, desista de mim.

José Rosa (ZeRo S/A)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Falsas Palavras (Março/1991)

Se de alguma forma
Pudesse eu detectar
A verdade ou a mentira em suas palavras
Talvez eu me matasse
Para nunca mais sentir o gosto da dúvida.

José Rosa (ZeRo S/A)

domingo, 31 de agosto de 2008

Momentos e Eternidade

O romantismo exige belas palavras
Súplicas e juras de amor eterno
Floreios e galanteios,
Entretanto quando nos amamos
Você sentada no meu colo,
Mexendo-se e fazendo meu falo explodir
Perco a compostura e a elegância
E lhe faço reverências verdadeiras para o momento:
Você é puta!
Você é minha puta!
E só depois de acalmados os ânimos
Romântico padrão volto a ser
Sussurro no seu ouvido : Te amo!
E tenha certeza
Que eu sempre te amo.

José Rosa ( ZeRo S/A)

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Metalinguagem

Meta
Metade disto
Está na outra metade
Linguagem
Sua língua
Dentro de minha boca
Sua boca
Tendo minha língua

José Rosa ( ZeRo S/A)

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

De Bobeira

Coisa boba
Esse lance de ter medo de mim.
Não seja boba,
Acredite, não precisa a mim temer.
Eu sei, você não quer mais bancar a tola,
Mas é bobagem enxergar o presente com olhos passados
Eu sei, às vezes banco o bobo também
Então é o seguinte
Tenho uma proposta para você
A gente se despe de nossas roupas e medos
Pára de bobagem
E fica de bobeira
A noite inteira

José Rosa (ZeRo S/A)

domingo, 27 de julho de 2008

Corda Bamba

Minha vergonha
É enxergar exageradamente minhas virtudes.
É de merda que sujo
A sola do meu sapato após um passo em falso.
É de concreto o muro em que arrebento
O meu nariz após uma distração.
É triste,
Deitar na minha cama quando não tenho sono.
Minha desgraça
Será enxergar exageradamente meus defeitos

José Rosa (ZeRo S/A)

domingo, 20 de julho de 2008

Pesadelos Perfeitos (Fevereiro/1990)

Simulamos com perfeição,
Felicidade.
Quase nos convencemos.
Tática tão simples,
Não encarar a realidade,
Viver a inconstância,
Quando na verdade
Uma paixão que não se consome
Perturba nossas almas,
Leva-nos a desejar
O que é pecado.
Tememos a dor
Ela que tanto nos apraz
Causar ao semelhante.
Aos nossos antigos, presentes e
futuros companheiros.
Que criaturas horrendas somos nós
Conhecemos o caminho certo,
Porém sempre o encaramos como utopia
Uma quimera
Um tema perfeito,
Para nossos pesadelos

José Rosa ( ZeRo S/A)

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Portas

O que me importa
Bater na sua porta
E você abri-la para eu entrar
E então, abrir para mim os seus braços
Para nos misturarmos
Caleidoscópio, várias nuances de nós
Abrir para mim a sua boca
Para nossa sede de nós saciarmos
E a mesma língua falarmos
Abrir para mim suas pernas
Para no seu gozo, no meu gozo, no nosso gozo
Completos ficarmos
Abrir para mim o seu coração
Para batermos no mesmo compasso
E assim as nossas almas no mesmo passo
E depois
Para mim nada mais importa
Do lado de fora de sua porta

José Rosa (ZeRo S/A)

terça-feira, 24 de junho de 2008

Por Toda A Eternidade Amém (Janeiro/1989)

Pessoas que acreditam no amor
Pessoas que, contudo não amam
Pessoas que erram ao pensar
Que são capazes de amar.

Pessoas que se limitam
Pessoas que não são objetivas
Pessoas que erram quando reconhecem
Que a alguém pertencem

Pessoas que se comprometem
Pessoas que assumem compromissos
Pessoas que se julgam amantes e amadas,
Em relações que de amor não há nada

Pessoas que não são espontâneas
Pessoas que não são capazes de se definirem
Pessoas que perdem tesão com o tempo,
Pois sempre dão tempo ao tempo

Pessoas que possuem seus problemas
Pessoas que procuram as soluções em outras
Pessoas que se enganam
Fingindo que amam

Pessoas são falsas consigo mesmas
Pessoas são seres que assumem fases
Pessoas esquecem o que fizeram,
Pois isso foi tudo o que sempre quiseram

José Rosa (ZeRo S/A)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Sutileza

Na sua
Burra vergonha
Nua
Sob a luz
Da lua
Descobre-se
Que a beleza sutil
Voa
Não à toa,
Mas porque soa
Como uma melodia
Boa

José Rosa (ZeRo S/A)

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Extremos

Hoje, a noite
É de precisões e vontades.
Eu com desejos
De penetrar sua alma
Com meus sentimentos.
E seu corpo
Com meus dedos,
Minha língua,
Meu pau.

José Rosa (ZeRo S/A)

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Descoberta Infeliz (Maio/1991)

Sou um atormentado
Todos são
Sou um sofredor
Por ser o meu tormento
Como os outros
Tão ameno

José Rosa (ZeRo S/A)

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Pensamentos em Mosaicos (Maio/1991)

Sempre simulacro
Sempre elegia
Noite e dia
Fantasias
O anexo
Não tem nexo
No sofá
Amor e sexo
Na retina
Vindos da TV
Mosaicos ao acaso
Ocaso

José Rosa (ZeRo S/A)

domingo, 20 de abril de 2008

Não Sei

Se dormi e sonhei
Não sei.
Se acordei em uma realidade paralela
Não sei.
Abri os olhos e lá estava eu
Em um insólito deserto.
Nada do que via e sentia era verdade
Apenas miragens.
Tudo falso
Tudo falsidade.
Somente o que eu queria ver
Em meus delírios de achar uma saída.
Por quanto tempo errei?
Não sei.
Achei um oásis
Agradeci aos céus
Gozei, catarsiei
Que felicidade!
Que plenitude!
Aproveitei. Sim, aproveitei
Então, se dormi e sonhei
Não sei
Se acordei em uma realidade paralela
Não sei
Abri os olhos e lá estava eu
De madrugada, sozinho
Sem você
Sem nós
Por quê?
Não sei.

José Rosa ( ZeRo S/A)

sábado, 12 de abril de 2008

Esclarecimento

Quando você chegou para mim
Dizendo que me amava
Disse-lhe que não acreditava,
Pois quem sente não fala.
Você olhou-me atônita
Comentando algo sobre minha insensibilidade
Eu lhe disse: Quem sente não falha!
E acrescentei um ponto final.
Tudo mais depois
Foi um imenso silêncio esclarecedor

José Rosa (ZeRo S/A)

segunda-feira, 31 de março de 2008

É Mais Fácil Chorar (1986)

Alegrias solitárias, não compartilhadas
Cortadas pelas raízes e mortas sem serem
Expressas por sorrisos e risadas
Obscuras pelo querer e não poder

Uma lágrima cai e desliza
Epidemia que corrói e alastra
Um oceano se origina
A flor murcha, seca pala mágoa

A loucura é o vetor da felicidade
Sorrir é totalmente irracional
É atitude de quem considera banal,
Assumir a seriedade da vil sociedade

A mágoa predomina nas almas penadas
Tudo contribui para a sua razão
A bebida, o namoro e a conta atrasada
Vidas assumindo o compromisso e negando a satisfação

José Rosa (ZeRo S/A)

segunda-feira, 17 de março de 2008

Uma Noite Após A Perda De Uma Paixão Platônica (Março/1991)

Quando um olhar
Parece entorpecente,
Satisfaz momentaneamente,
Enquanto a angústia
Da solidão companheira
Crava suas unhas
Na alma impotente
Pelo fato da razão onipotente,
Que sempre justifica magistralmente,
A fraqueza
Do coração extremamente doente,
Que é eterna,
Que é para sempre

José Rosa (ZeRo S/A)

quinta-feira, 6 de março de 2008

Passado Presente

Um certo desejo de conhecer alguém
Que vivera há muitos anos
Algo como em Algum Lugar do Passado
Ver as cores, sentir os cheiros do que não existe mais.
Ouvir uma voz que, aqui e agora, há muito está muda

Essas sensações que de tão estranhas,
de tão inexplicáveis, sufocam.
Que me tiram o sono
Falta-me ar
Falta-me vontade de pensar no amanhã

Então escrevo e bebo vinho
Bebo vinho e escrevo
E vivo o presente
E sorrio e não choro,
Pois estou vivo e vivendo,
Por que ainda consigo escrever sobre o que sinto.

José Rosa

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Sem Serventia

O tempo que passa
Não serve,
Não funciona.
Para a solidão?
Não, pois o grande mal
É o tédio.

José Rosa (ZeRo S/A)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Amanhã

Eu e Ela não sabemos
Se haverá amanhã,
Mas se houver,
Certamente quereremos nos ver.
Isto é muito certo.
Será outro dia
Para mais uma garrafa de vinho,
Talvez duas.
Acompanhadas de pizza, é claro.
Havendo o amanhã,
Que não seja dia de labuta.
Que seja dia de sol
Para podermos pegar uma praia.
Para eu poder vê-la de biquíni
Adornando seu corpo moreno.
Eu e Ela não sabemos e
Ninguém pode saber
Se haverá o amanhã,
Porém queremos que haja.
Para podermos estar juntos
Mais uma vez
E assim nos beijarmos,
Trocarmos carícias,
Bater um delicioso papo,
Divagar sobre outro amanhã.
Que obviamente também não saberemos se haverá,
Mas que também desejaremos que haja.
Para podermos nos amar outra vez
E perceber que só o hoje
Não é o bastante para o nosso amor.

José Rosa (ZeRo S/A)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Perda de Tempo

Passei muito tempo
Sem ninguém me tocar
Passei muito tempo
Sendo somente seu
Muito tempo perdido
Muito tempo em vão
Queria ficar
Quando deveria ir.
Nada me prendia
Só a minha paixão
Passei muito tempo a procurar
Você em alguém
Perdi muito tempo,
Mas agora sei
Que muito tempo perdi
Sendo seu,
Sendo de ninguém.


José Rosa (ZeRo S/A)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Pleno

A noite encontra a madrugada
E esta espera o dia,
Mas o tempo parece não passar aqui.
Presumo que não deva,
Porém muito ficar desejo.

Minha boca se cala
Entre suas pernas dialoga.
Nada articulado se fala... Falo.
Calo e entre meus dentes, você
Serpente e eu lagarto.

Boa noite, boa noite, noite boa.
Giram corpos, ficam marcas.
O tempo passa sem que se perceba
Seu olhar de amante pedinte me inunda e
Eu transbordo "in" você.

Boa noite, noite boa foi
O sol entra pela janela
E meus olhos contemplam
Partes de você que os seus raios revelam
Partes de você não cobertas pelo lençol muito desalinhado.
Boa noite, noite boa foi e se foi
Sussurra em meu ouvido: - Bom dia!
Agora estou pleno de mim
Completado por você.

ZeRo S/A

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O Que Eu Penso* (1985)

Na corrida de um cão,
Que desesperadamente tenta alcançar os automóveis,
No nado em vão
Das baleias às praias para o suicídio,
Encontramos nessas ações, motivos idiotas e inexplicáveis
Que vem mostrar que a coroa que possuímos faz sentido.
Tão tolos somos nós, por não percebemos,
Que a natureza só nos dá exemplos,
Contudo na nossa estupidez de soberanos,
Todos os seus conselhos ignoramos.
O leão mata a gazela mansa e tranqüila,
A fim de saciar a sua fome e de sua família;
A viúva-negra devora vorazmente após a copulação,
O seu parceiro lúcido e sensato, para que sua espécie tenha sucessão;
E o pássaro é apanhado na armadilha tão ingenuamente,
Por não possuir inteligência que o oriente.
Porem nós homens matamos nosso semelhante apenas por matar,
Traímos nossos parceiros pelo prazer de trair,
Caímos nas armadilhas da publicidade mesmo podendo pensar,
Jovens matam-se pelo vício, alegando o ato de fugir
De algo que apenas eles podem distorcer
E sonhamos com riquezas quando muitas vezes nosso irmão não tem nada para comer.
E em um momento de reflexão,
Explico meu pensamento em uma frase
Que também demonstra os meus sentimentos nesta situação:
Quanto mais conheço os homens, mais,
Muito mais estimo os animais.

*Este é o primeiro poema que fiz e isto ocorreu em 1985.

José Rosa (ZeRo S/A)

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Inteligência Burra

Inteligência
Para que me serve,
Se não sei como usá-la?
Mas não será falta dela
Não saber isto?
Se for,
Então eu não a tenho,
Porém questionar
É uma forma de inteligência.
Então a tenho.
Mas quando as respostas
Não se encontram, o que é então?
Já não sei.
Talvez seja eu
Um burro em ascensão?
Com certeza não.
Sou um inteligente
Sem competência

José Rosa (ZeRo S/A)